Empatia é a tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa (Dicionário Aurélio Ed. Nova Fronteira 1999).
Os psicopatas não possuem empatia. O que acontece com o outro não o atinge. A falta de empatia, também, pode ser coletiva.
Podemos dizer que a nossa sociedade é psicopata, pois ela produz os representantes que temos.
Os mandatos são obtidos para cuidar dos interesses do povo, mas eles cuidam de si mesmos. Não têm qualquer pudor em se locupletar e se enriquecer com o dinheiro público sem se importar com o cidadão.
As crianças sem merenda. As filas do SUS. A violência… A fome… Os milhões de desempregados… A desesperança… A falta de perspectivas… O analfabetismo… O futuro roubado…. Nada disto sensibiliza quem devia cuidar da coletividade.
Toda vez que se apropria do dinheiro público em proveito próprio, alguém a mais irá sofrer as severas consequências e, especialmente, os mais pobres e desprotegidos.
A corrupção é um cancro que virou metástase em verde e amarelo.
Com o dinheiro que é arrecadado em impostos correspondente a 40% do PIB muitas nações entraram para o Primeiro Mundo e, por aqui, os valorosos filhos da pátria amada, levam o País em macha batida para o fim da fila.
É lamentável ter nascido aqui. É lastimável e vergonhoso ser brasileiro, nestes tempos “bicudos”. Com terras, clima ameno, e chuvas abundantes e, enfim, com tudo a nossa favor, não damos conta de sair do limbo.
O povo desta terra promissora espera há tanto tempo por um futuro que aparece e desaparece como um “fogo fátuo”.
De tanto esperar pela esperança, o desânimo está tomando conta de todos.
Quantos não se foram para outros países a procura de uma vida melhor e mais estável?
As falcatruas são tantas e tão surpreendentes que o desalento tomou conta da sociedade que assiste apática ao desenrolar de crises e mais crises . De duelos e mais duelos entre os príncipes que repartiram o butim e ora brigam entre si para saber quem é pior.
Toda vez em que existe uma situação de grande injustiça, nos vemos na contingência de defender a aplicação de soluções rápidas e extremas. Eu tive um amigo, já falecido, que me disse: isto tudo se resolveria com um navio de fundo falso.
Realmente, uma embarcação destas seria salutar e de grande utilidade nestes tempos conturbados pela pornográfica corrupção.
Entretanto, ele se negava a pilotar o navio e a abrir o fundo falso. Assim como ele, eu não defendo soluções extremas que a minha consciência cristã repugna.
É preciso ter a empatia, mesmo com os bandidos. Afinal, vivemos num mundo cristão.
Entretanto, não posso desanimar e acredito que um dia tudo vai dar certo e pela via republicana e democrática.
Quando penso nos necessitados e, notadamente, nas crianças que esperam tanto de todos, não ouso e nem posso desanimar, pois é urgente lhes assegurar um porvir. Tenho que acreditar no futuro e num tempo melhor.
Posso assegurar que o mundo em que viveu os meus pais e de muitas pessoas da sua geração era pior que o meu e o da grande maioria dos meus amigos, e a dos nossos filhos é melhor ainda.
Então, por que não acreditar?
RENATO GOMES NERY é advogado em Cuiabá.
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