O delegado da Polícia Civil, Flávio Henrique Stringueta, pediu apoio da população para ajudar na “luta” para que a PJC obtenha autonomia financeira e administrativa para promover as investigações e operações necessárias em Mato Grosso. A declaração foi dada nesta quinta-feira (28), um dia após a Operação Esdras, deflagrada pela Polícia Civil, que investiga o esquema dos grampos ilegais operados no âmbito da Polícia Militar.
A operação foi coordenada pela delegada Ana Cristina Feldner, responsável pelo inquérito na Polícia Civil que apura o caso dos grampos, autorizado pelo desembargador Orlando de Almeida Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Foram presos os secretários de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas, e de Justiça e Direitos Humanos, coronel Airton Benedito Siqueira Júnior, além de outras pessoas ligadas ao governo do Estado, acusadas de envolvimento no esquema de grampos e suspeitas de tentar obstruir as investigações.
Os pedidos de prisão foram acatados pelo desembargador Orlando Perri que determinou a prisão dos 8 envolvidos, além de 15 mandados de busca e apreensão e uma condução coercitiva.
Segundo Stringueta, é preciso dar autonomia à Polícia Civil semelhante ao que o Judiciário e Ministério Público possuem, a fim de garantir que as investigações sejam realizadas independentemente de quem sejam investigados.
“Peço à população que se sensibilize com isso, que nos ajude nessa luta pela aquisição da necessária e essencial autonomia financeira e administrativa, já existentes no Judiciário e no Ministério Público. Com isso, nenhum governo, atual ou a vir, poderá nos impedir de agir com a energia que a sociedade espera para lhe proteger e dar as respostas que espera”, disse.
Stringueta afirmou ainda que a prisão dos secretários em exercício foi uma ação “inédita” no país, graças à autonomia que a polícia teve em relação a este caso. Ele reforçou ainda a necessidade de haver o entendimento de todos, de que a polícia é uma instituição de Estado e não de Governo.
“Os governos controlam as ações dos investigadores principalmente com a limitação de seus orçamentos, fazendo com que os gestores mendiguem recursos para manterem suas necessidades básicas”, afirmou.
O delegado aproveitou ainda para criticar os colegas delegados que se negaram a participar da ação, especialmente por ela ter envolvido a prisão do secretário de Segurança. Segundo ele, os colegas perderam “a chance de entrar para a história”.
“Quero deixar expressa minha insatisfação com os colegas delegados que disseram não ao nosso chamamento, colocando questões pessoais acima das sociais. Digo aos senhores que vocês perderam uma excelente chance de entrar para a história de MT, perderam o bonde, falando de forma mais chula, mas não me atreverei a guardar nenhum sentimento negativo quanto a isso, somente decepção”.
Além disso, ele criticou o Sindicato dos Delegados de Polícia de Mato Grosso por saírem em defesa do secretário preso ao invés de apoiarem o trabalho dos delegados frente à operação, como foi realizado pelo Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo.
“Reconheceu a magnitude da operação de ontem, em nome da Dra. Ana Cristina Feldner. Reconhecimento vindo de fora, da maior instituição policial civil do Brasil. Obrigado colegas de São Paulo. Não estamos esperando o mesmo reconhecimento de nosso Sindepo (Sindicato dos Delegados de Polícia de MT), que tem nos decepcionado em suas manifestações”, encerrou.