Um promotor de Justiça que compõe o Ministério Público Estadual (MPE) é suspeito de agir para favorecer a organização criminosa que chefiava um esquema de interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso.
A revelação consta na decisão do desembargador Orlando Perri que culminou na Operação Esdras liderada pela Polícia Civil na quarta-feira (27) e que culminou em oito mandados de prisão e 15 de busca e apreensão.
O major da Polícia Civil, Michel Ferronato, informou no dia 19 de setembro ao tenente-coronel José Henrique Costa Soares, escrivão responsável pelo inquérito policial militar (IPM), que naquele dia ambos participariam de uma reunião com um promotor de Justiça.
A decisão do desembargador Orlando Perri, sustentada com base nas informações e provas colhidas no inquérito da Polícia Civil conduzido pela delegada Ana Cristina Feldner, cita que um promotor de Justiça atuaria para blindar a organização criminosa
De acordo com o depoimento de Ferronato, o promotor de Justiça iria receber a denúncia do tenente-coronel referente ao desembargador Orlando Perri que seria gravado e teria sua fala deturpada para colocá-lo sob suspeição e afastá-lo.
A partir daí, o promotor de Justiça iria receber a denúncia e instruir o tenente-coronel a como falar, o que falar e de quem falar. Pelo plano, o tenente coronel iria apresentar uma denúncia contra o desembargador Orlando Perri e as devidas providências seriam tomadas pelo promotor de Justiça para afastar o magistrado do cargo.
No diálogo, o major Ferronato disse que referido promotor de justiça teria uma conduta proativa, pois iria instruir o depoimento porque se tratava de uma pessoa de confiança do grupo.
No depoimento à Polícia Civil, o tenente coronel José Henrique Costa Soares disse que estava claro que a escolha do promotor de Justiça seria para ajudar no plano. Porém, não foi dito para procurar o Ministério Público, mas aguardar um promotor de Justiça de confiança da organização criminosa.
“Que inicialmente eles queriam a captação da imagem do desembargador Orlando Perri com outras falas, mesmo sendo provocadas; Que no entanto, como as investigações em desfavor do secretario de segurança pública haviam avançado, eles teriam que agir ainda essa semana, apresentando a gravação clandestina realizada pelo depoente com imagens que fossem obtidas no decorrer da semana”, diz um dos trechos.
Em nota à imprensa, o Procurador Geral de Justiça disse que é uma “canalhice” a tentativa de envolvimento do Ministério Público nos grampos ilegais.
Curvo também informa que buscou informações a respeito da investigação e soube que entre os citados estão seu próprio nome e do promotor de Justiça Marcelo Ferra de Carvalho, atual sub-procurador-geral de Justiça Jurídico e Institucional. Neste sentido, assegura que confia no Poder Judiciário e adotará todas as providências cabíveis para responsabilizar os envolvidos.