O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), Orlando Perri, encaminhou um ofício ao secretário de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh-MT), delegado Fausto José Freitas da Silva, exigindo explicações sobre o uso de algemas na personal trainer Helen Christy Carvalho Dias Lesco. A personal compareceu para depor na última terça-feira (3) à Polícia Civil, que elabora um inquérito que investiga uma suposta obstrução à Justiça no caso das interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso.
Ao descer da viatura para entrar na delegacia, Helen estava cercada por agentes prisionais e algemada. Perri, que é relator de uma ação no TJ-MT que apura a atuação de uma organização criminosa que estaria realizando os grampos ilegais, avaliou como desnecessário o uso de algemas, já que a personal não oferecia ameaça de fuga ou risco aos agentes.
“Causou-me espécie, não apenas a mim, mas de maneira geral a toda sociedade, haja vista sua notória repercussão, a imagem da custodiada Helen Christy Carvalho Dias Lesco, encarcerada provisoriamente no Presídio Feminino Ana Maria do Couto May, descendo da viatura e ingressando no Complexo Miranda Reis, acompanhada de agente prisional, algemada, para prestar seu depoimento às autoridades policiais responsáveis pela investigação no Inquérito Policial n. 87132/2017″, disse o magistrado.
O desembargador sublinhou que o uso de algemas pelos réus é “medida excepcional” e que encaminhou o ofício ao chefe da Sejudh-MT para que a “situação degradante desta natureza não volte a ocorrer”.
Ela é esposa do ex-chefe da Casa Militar, Evandro Lesco, que também está preso, e teria agido para destruir provas sobre a existência do sistema de telecomunicações conhecido como “Sentinela”, utilizado ilegalmente pela PM para realização dos grampos.