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A maldição da política partidária

Quando li pela primeira vez que a “política partidária é a preocupação dos semi-analfabetos”, fiquei um pouco surpreso e até indignado.

Naquele momento da vida, com a ternura da inocência juvenil, parecia inconcebível que grande parte das pessoas que dirigiam os rumos políticos do país fossem, de uma forma ou de outra, quase analfabetos.

Passado um tempo, no entanto, essa afirmação começou a aparecer em exemplos práticos e cotidianos, até presenciá-la em profusão quando comecei a acompanhar de perto alguns grupos político-partidários desde a faculdade.

Lá pude acompanhar pessoalmente a praxe definitivamente dirigida por semi-analfabetos gramaticais e, sobretudo, analfabetos éticos e morais.

Hoje em dia, é lugar-comum afirmar que político é mentiroso, dissimulado, inescrupuloso, mesquinho, sem caráter, leviano, maquiavélico, conspirador, ardiloso, mimado e egocêntrico etc.; e, de fato, isso se aplica a uma parte deles.

Mas, qual seria a razão disso? “Ah, o poder corrompe!”, dirão. Sim, talvez corrompa, mas é certo que corrompe apenas aqueles que estão dispostos a serem corrompidos, logo, fazem jus aos piores adjetivos que detêm. Mas e aqueles que nem poder têm e já agem assim como corrompidos?

Esquecer e ignorar os padrões éticos e morais mais basilares não é uma obrigação na política partidária brasileira, mas é o caminho mais fácil que alguns vêem para alcançar seus objetivos e é, de outro lado, o único caminho que alguns conseguem trilhar antes suas limitações.

Nestes casos, é a maldição da política partidária brasileira. É certo que há casos não por se corromper, mas por se tratar simplesmente de um ser humano mau – e não são poucos os casos (ver mais em “Ponerologia: psicopatas no poder”, de Andrew Lobaczewski).

“Sujar as mãos” na política partidária muitas vezes significa mero contato superficial (ainda que apenas verbal ou escrito) com os “colegas políticos” – suja-se não apenas as mãos, mas a alma. É importante, por isso, manter-se atento e fiel aos princípios mais elevados.

E é esse ponto que nos faz refletir: por qual razão a cada dia mais se têm a certeza de que não se pode confiar na classe política?

É simples: muitíssimos dos hoje aspirantes a políticos partidários talvez não estejam nem cumprindo mandato eletivo, não tenham nem cargo de direção partidária e sequer sejam políticos partidários de verdade, mas já o são plenamente nas condutas para com os colegas, na forma de agir e de pensar e na forma de tramar seus planos megalomaníacos.

É triste ver que uma considerável parcela da população brasileira é político-partidária mesmo sem ser da classe política-partidária, algo que demonstra que parcela da classe política é reflexo fiel de sua população, da população que os elegeu.

Aos aspirantes a políticos que pregam “mudança” (em tese, para melhor e para o bem comum), a primeira mudança que eles precisam é não cederem à maldição da política partidária brasileira.

FERNANDO HENRIQUE LEITÃO é advogado e membro do Instituto Caminho da Liberdade em Mato Grosso (ICLMT).


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