Em um dos depoimentos que prestou a Procuradoria Geral da República (PGR) nos autos da colaboração premiada já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-secretário de Estado Pedro Nadaf revelou que o ex-secretário adjunto da Secretaria de Transportes e Pavimentação Urbana, Valdísio Viriato, tinha a missão de receber e supervisionar propinas pagas por empreiteiras que integravam um esquema ilícito com a Petrobras.
Um dos esquemas envolve um convênio firmado com a associação de produtores rurais destinado a obras de asfalto em municípios do interior de Mato Grosso.
O diálogo a respeito do valor a ser desviado e a destinação das propinas se dava com a liderança do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e com as presenças dos ex-secretários de Estado, Marcel de Cursi, e o próprio secretário adjunto Juliano Viriato. O ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves, tinha a missão de cuidar da parte operacional referente a identificar fontes de dinheiro para posterior liberação.
Inicialmente, o pagamento das empreiteiras se destinava a Petrobras. Isso porque o Estado tinha firmado um Termo de Compromisso com a empresa para que os pagamentos fossem compensados por débitos de ICMS perante a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz).
“Todas as tratativas técnicas eram encabeçadas pelo então secretário de Fazenda Marcel de Cursi, cabendo a Arnaldo Alves, enquanto secretário da Sinfra, cuidar das tratativas operacionais. Auxiliou Marcel nas informações orçamentárias necessárias, ao passo que as tratativas operacionais relacionadas às obras, bem como ao recebimento das propinas pagas pelas construtoras à organização criminosa cabia ao secretário adjunto da Sinfra, Valdísio Viriato”, diz um dos trechos do depoimento.
Ao longo do depoimento, Nadaf ainda relatou que presenciou o ex-secretário adjunto Valdísio Viriato entregar dinheiro diretamente para ao ex-governador Silval Barbosa e ao seu ex-chefe de gabinete, Sílvio César Correa de Araújo. A quantia de dinheiro entregue em maços correspondia aos “retornos” pagos pelas empreiteiras que mantinham contrato com o governo do Estado.
“O Declarante presenciou por diversas ocasiões, durante os anos de 2013 e 2014, o secretário adjunto da Sinfra, Valdísio Viriato, entregar diretamente para Silval Barbosa e para Sílvio Corrêa cheques provenientes de propinas da Construtora Guaxe, construtora 3 Irmãos, Construtora O.K e Construtora Trimec (de propriedade de Wanderley) podendo haver cheques oriundos de outras construtoras, sendo que todas elas receberam pagamentos via Petrobras”.
Em janeiro deste ano, o ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cervero, comprometeu o ex-governador Silval Barbosa em um dos seus depoimentos a Procuradoria Geral da República.
Os fatos estavam relacionados essencialmente, ao pagamento de vantagens indevidas relacionadas à ampliação das instalações da BR Distribuidora (Confidere Empreendimentos); ao fornecimento de asfalto no Mato Grosso) e à aquisição de precatórios pela Petrobrás e pela BR Distribuidora.