"> Me escutem, por favor – CanalMT

Me escutem, por favor

Fazer ou exercitar filantropia neste mundo moderno, neste mundo digital, neste mundo que um passa pelo outro na rua e não o cumprimenta, realmente é para aqueles que tem um coração diferenciado.

Contra minha vontade vou ser obrigado a contar para vocês que há 17 anos estou totalmente envolvido com uma Creche que recebe 92 crianças para que vocês entendam minha preocupação.

A “minha” creche e mais 16 entidades filantrópicas de Cuiabá dependem de um convênio entre a Coonab-MT com os produtores rurais de Campo Verde (Santo Antonio da Fartura) para que crianças, idosos e dependentes químicos possam comer todo dia.

Quem sabe e quem luta o dia a dia nessas entidades, não aguenta mais ficar a partir de setembro de alguns anos para cá, implorando a Conab-MT a continuidade desse projeto, pois em todo setembro o dinheiro acaba e as crianças, os idosos e os dependentes químicos ficam a ver navios, pois suas instituições não recebem mais nesse ano uma batata sequer desse convenio.

Aí começa a minha luta e a de mais 15 abnegados que tentam matar um leão   por dia para que suas entidades não passem dificuldade.

Nada sensibiliza quem tem poder para resolver este caso. Por mais que você tente explicar as fragilidades de quem se beneficiará com essas doações, não consegue dar um “choque” em seu coração para que essa paralisação de todo ano, não deixe essas pessoas com fome.

Faltar gasolina, passagens aéreas, diárias, cafezinho e papel higiênico tico tico isto definitivamente não falta nos corredores e nas latrinas palacianas.

Dinheiro para “negociar” (que palavra mais nojenta) emendas milionárias com parlamentares safados, ah sim, isto não falta.

A gente não aguenta mais estar ano a ano implorando para que convenio como este não pare pois ninguém está de brincadeira quando se propõe cuidar daqueles que precisam.

Ficamos desgastados, cansados, desmoralizados e totalmente sentindo incapazes de resolver problema de tamanha monta, principalmente quando sabemos que o governo federal distribui dinheiro “a rodo” para se perpetuar no poder.

Nada comove as autoridades que cuidam do caso. Fazer licitações que lhes interessa sem concorrência, ah, isto sim, sempre tem um jeitinho, mas comida a quem necessita não tem jeito.

Desculpe-me você que tem a paciência de me ler, mas isto é um desabafo de quem há anos implora para que crianças, idosos e dependentes químicos não fiquem sem condições de se alimentar, nesta ou em qualquer época, sem ter ressonância nos meus gritos.

Ajudar quem necessita é fácil. Basta ter um bondoso e caridoso coração.

EDUARDO PÓVOAS é dentista em Cuiabá, com pós-graduação pela UFRJ.


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