"> Victório Galli e a boneca cibernética – CanalMT

Victório Galli e a boneca cibernética

Vi o post que o colega advogado, Eduardo Mahon, fez na sua página pessoal do Facebook, em face da última manifestação trágica e hilária, ao mesmo tempo, do deputado federal Victório Galli (PSC), sobre a inexistência de “viadagem” durante o regime militar no Brasil.
O mesmo senhor que, diante de tantas dificuldades que assolam o país, mobilizou sua equipe de gabinete, para com o nosso dinheiro, do contribuinte brasileiro, e teve o mirabolante insight de por sob suspeição a orientação sexual do Mickey Mouse, apesar desse famoso e simpatissíssimo personagem da Disney ter uma pública e notória namorada, a Minie.
O que será que ele acha do He-man ou do Conan? Será que sonha com eles, ou com as tangas deles?
Gostei da perspicácia e da maneira firme, no entanto, ao mesmo tempo elegante, que Mahon rebateu Galli, sobretudo do conselho que deu-lhe por derradeiro em calibre certeiro, parafraseado aqui, assim, quase como um “pito de vara na mão mirando o bum-bum”, metaforicamente falando, sem qualquer insinuação subliminarmente sexualizada como o deputado epigrafado tem dito ver e ouvir nos desenhos que tem assistido: “- Victório, calado, às vezes, além de não deixar transparecer ser medíocre, mesquinha, neófito e cruel, ou um bobo da corte, um paspalho, teu silêncio passar-se-ia por um poema em benefício da sua própria imagem e semelhança, música para os ouvidos de quem não aguenta mais ouvir tanta asneira”.
Depois de tanta baboseira reiteradamente dita e reeditada pelo aludido edil federal, sobre a intimidade alheia – tema que parece lhe causar inquietude e irresistível atração, sendo mais forte do que ele, arrebatando seu mandato para passar um pente fino nos desenhos do Net Flix -, obsessivamente vigiada e perseguida por ele, passando a impressão de estar na busca de um gozo que lhe faça relaxar e satisfaça seus instintos mais rudimentares.
Só de imaginar o que mais virá pela frente, ou, como pode preferir Galli, por detrás, caso mantenha seu “id” sob fogo cruzado, segurando firme na “espada”, sua ou de outro “guerreiro”, manejando suave e habilidosamente o equipamento, indo e voltando, como quem treinou muito para não perder a sincronia, não economizando tempo, nem descartando lugares, seja o quarto ou, mais provavelmente, o banheiro, partindo para o ataque na frente das câmeras, possivelmente aproveitando quando longe dos olhos dos outros para adotar uma posição mais “passiva”, vai que vendo-se compelido a reprimir possíveis paixões e sentimentos, utilizando-se dos mecanismos de defesa da inversão e/ou projeção, dissimulando o “ego” quando em cima do palco e escondendo o “ID” na gaveta pink shock da sua penteadeira, ao lado dos cremes e hidratantes, restauradores e revitalizantes, contudo, não sobrenaturais, ao ponto de fazer milagres e transfigurar o feio para o belo, ou o reverso, não seria totalmente teratológico cogitar por um instante alguma excludente de ilicitude para o crime continuado de injúria, além da incitação à violência, como consequência da demonização imputada sobre quem já sofre demais, às vezes, chegando a ter suas vidas tiradas ou tirando suas próprias vidas, vítimas da canalhice de tanta maldade e burrice.
Atitudes que atentam contra direitos humanos e fundamentais, cooperando para a negação e violação da dignidade da pessoa humana de maneira difusa e coletiva, não podem de forma alguma ser blindadas por qualquer tipo de imunidade que seja à devida e necessária responsabilização cível e criminal, sob pena de o protecionismo daqueles que humilham e ferem o corpo e a alma de quem é difamado como empesteado e hospedeiro do demônio dar azo ao culto e adoração da impunidade e desumanidade.
A imunidade parlamentar não pode ser confundida com um salvo conduto para aviltar qualquer das condições expressamente suscitadas no caput do artigo 5° da Constituição, como se fosse uma autorização para disparar um tiro no peito de quem não for do jeito que arbitrariamente o atirador quer que seja, tampouco para acender as fogueiras da inquisição, com substâncias altamente tóxicas e explosivas, com enorme potencial para matança, como são o ódio, a ignorância e a discriminação, disseminados e alimentados por aquele que deveria zelar, no plano laico, pela liberdade, igualdade e fraternidade, e no da sua religião, pelo amor ao próximo.
No entanto, em respeito ao benefício da dúvida, cumulada com a postura de combater o mal com o bem, sem fazer uso dos mesmos abusos e arbitrariedades, que beiram à leviandade e perversidade, pelas ignomínias discriminatórias que sistematicamente imputa a pessoas humanas, única e exclusivamente por uma condição existencial delas, não por terem praticado crime algum ou feito apologia à discriminação injuriosa, faço votos de que Galli perceba o mal que faz, o mal que produz frutos de sofrimento e de morte, de jeito nenhum o contrário, como provam pesquisas e suas estatísticas, como invariavelmente comprovam números os telejornais.
Talvez o deputado especialista em desenho animado não mantenha e faça questão de ostentar, afirmar e reafirmar a sua incompostura indecorosa e perniciosa por pura maldade ou ignorância.
Quem sabe seus gritos não são, no fundo e ao cabo, atos falhos, como Freud discerniu na clínica psicanalítica, trazendo nas entrelinhas confissões de um indivíduo castrado em sua predisposição inata e efetiva orientação, deveras latentes e demasiadamente sufocantes para ele, que, sem saber como agir e lidar com a sua própria condição, eventualmente relutando para controlar supostos impulsos seus, ora excitatórios, ora renegados, no entanto, invadindo a consciência por intermédio de pensamentos intrusivos e atividades oníricas, repetidos tantas vezes quantas o filme “Lagoa Azul” já passou na “Sessão da Tarde” ou no “SBT”, depois do glorioso “Chaves”.
Falando no Chaves, será que o deputado tem alguma suspeita do “Seu Madruga, do Senhor Girafales ou do Nhonhô”? A caricatura da indagação retórica que precede esta frase é proposital para fazer rir, para não ter que chorar por conta da tragédia que tem como prólogo discursos insanos e de ódio, injuriosos, como o que é objurgado por este texto em forma de protesto, denúncia e manifesto.
Dando uma amostra do veneno destilado e regurgitação por Galli, poderia-se sugerir um trocadilho sugestivo ao sobrenome “Galli”, levando em consideração o que parece tomar conta da mente dele. Do mesmo alvitre, outra recomendação que poderia ser feita ao Vitório seria a de ouvir, a sós ou acompanhado, “Mamonas Assassinas”, mais precisamente a música “Robocob Gay”, prestando especial atenção para a passagem em que o saudoso “Dinho” exorta os “enrustidos” “a tirarem suas máscaras e mostrarem suas essências de bonecas cibernéticas”.
Tal movimento de sair do armário, de se assumir, sem medo de ser feliz, poderia libertar monstros internos trancafiados no subsolo do inconsciente; quiçá, pacificando um conflito inquietante, mediante a assunção dos sentimentos e desejos indomáveis, até então acorrentados a sete chaves, que, todavia, em tese, provocaria taquicardia no coração e falta de ar ao pulmão, sempre quando via o “Hulk”, sem camisa, ou o “Lion” do “Tander Cats” com sua espada que aumenta de tamanho, sabe-se lá se a pressão não caia, quase desmaiando, por tamanha emoção.
Caso não esteja, ainda, preparado para ser mais bem resolvido e despoluir a mente, parando de ver e pensar em sexo quando assiste desenhos, pelo menos que opte pelo silêncio doravante ou que vá se abrir no divã, não por qualquer tipo de censura, mas por bom-senso e respeito ao próximo, ao revés de passar recibo da sua mente tarada, que, se fantasia até o Mickey sexualmente, imagina o restante.
 
PAULO LEMOS é advogado em Cuiabá.

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