Nesta semana, recebi pelo whatsApp, de uma só vez, dezenas de canções, cada uma mais preciosa que outra.
Tinha Reflections of my Life, de Marmelades, tinha Luciana, de Evinha, e tinha Killing me softly with his song, de Roberta Flack, esta uma das músicas mais lindas que já ouvi até hoje.
No telefone estavam também Coruja, de Deny e Dino, No More Boleros, de Gerard Joling, e Certas Canções, de Milton Nascimento.
O danado do remetente achou que queria acabar com minha vida, pois, não mais que de repente, surge O Milionário, de Os Incríveis, interpretado por uma menina, Lorena Braco.
Quando comecei a me emocionar, e até já sentia um nó na garganta, o telefone tocou. Isso me tirou de intensos momentos de devaneios, o que me deu a oportunidade de economizar alguns mililitros de lágrimas, pois quando começo a chorar não quero mais parar.
Toquei O Milionário por alguns bons anos, tempo em que eu compunha a banda Jacildo e Seus Rapazes e ensaiava o The Crows.
Não sei o que significava a música, pois não conheci nenhuma versão com letras. Mas, para a juventude da época, ela só servia para encher nossas vidas de alegria e sonhar com alguém que um dia iria nos levar ao paraíso.
O termo surgiu em meados do século XVII e se referia às pessoas que possuíam uma quantia equivalente a um milhão em valores da moeda corrente local.
Por muito tempo, quando a moeda era estável, o conceito passava por aí. Mas, com sua desvalorização, no Brasil, por exemplo, hoje quem tem um milhão de reais não é considerado milionário.
Na verdade, tudo depende mesmo é do valor da moeda.
Segundo a Wikipedia, hoje o termo não se refere apenas a ter muito dinheiro, mas ser poderoso, mantendo um padrão de vida luxuoso e confortável, sem precisar trabalhar, bastando apenas saber administrar suas empresas e tomando o cuidado de fazer com que elas estejam sempre bem cotadas na Bolsa.
Mas, como fazer para ser um milionário? É simples. Basta você ter herdado uma fortuna de sua família, ganhar na loteria ou tropeçar em uma mina de ouro ou de diamantes.
Isso é possível, pois como disse Gibran Kalil Gibran: “Acaso não ouvistes falar do homem que cavava o chão à procura de raízes e encontrou um tesouro?”.
Mas existem outras maneiras como: carregar dinheiro em cuecas; guardar sacos e caixas de dinheiro em um apartamento; transitar com mala cheia de grana recebida de outrens; ser tesoureiro de partidos políticos; passar para o nome de filhos toda a riqueza adquirida; assinar contratos com multinacionais; ter uma grande quantidade de lobistas ao seu lado e depositar verbas em bancos do exterior.
Tem gente maldosa falando que ser governador de Estado também é bom.
Existem outras estratégias, mas vou ficar por aqui, pois nós, simples mortais, não temos capacidade e nem apoio logístico para executar tais tarefas.
Depois de todas essas reflexões, peguei meu “zap” e recomecei a ouvir as músicas. Olha só quem está aqui: Nana Caymmi, com Resposta ao Tempo.
Ah, não companheiro, agora você já está abusando: The Sound of Silence com Simon & Garfunkel é pra matar.
Vou me sentar nesta cadeira e me deleitar. Espero não chorar.
NEUROZITO FIGUEIREDO BARBOSA é mestre em Ecologia e Biodiversidade, músico, compositor, escritor, professor universitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.