O governador Pedro Taques (PSDB) pediu para ser dispensado da condição de testemunha de defesa no processo contra 5 policiais militares, resultado de interceptações ilegais em Mato Grosso. Ele foi arrolado pela defesa do cabo Gerson Corrêa Júnior, mas alega que também é investigado sobre o mesmo esquema criminoso.
A defesa do governador argumentou “conflito de interesses”, tendo em vista que é investigado no mesmo caso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O pedido de dispensa foi apresentado ao juiz da 11ª Vara de Justiça Militar no dia 9 de março, mas apenas na terça-feira (13) foi efetivamente recebido pelo magistrado Murilo Moura Mesquita.
A reportagem entrou em contato com adefesa do cabo Gerson, patrocinada pelos advogados Neyman Monteiro e Tiago Abreu. Sobre o pedido de não comparecimento do governador, ambos afirmaram: que estão analisando o pedido de Taques e reconhecem que a priori ele possui tais direitos. “A defesa tão somente quer questiona-lo e fazer algumas ponderações sobre os fatos. O que nos causa estranheza é que o governador em suas falas sempre usou o proverbio ‘quem não deve não teme”, disseram os advogados.
“Ele está contrariando o proverbio que sempre usa. Ou seja, será que o proverbio em relação ao governador agora é ‘quem deve teme’? Na audiência iremos avaliar se insistimos ou não na testemunha, mas deixamos claro que ‘quem não deve não teme’”, afirmaram.
A Vara de Justiça Militar segue dando continuidade às audiências no processo criminal contra 5 policiais militares acusados de participação no esquema interceptações que ficou conhecido como grampolândia pantaneira.
No processo são réus os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Alexandre Ferraz Lesco, Ronelson Jorge de Barros, o tenente-coronel Januário Antônio Batista e o cabo Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior.
A delega Alana Cardoso, Rafael Meneguine e o delegado-geral Fernando Vasco Spinelli, diretor da Polícia Civil em Mato Grosso, serão ouvidos no dia 16 de março.