O desembargador do Tribunal de Justiça (TJMT), Orlando Perri, recebeu na tarde de ontem (2), um ofício do delegado Flávio Henrique Stringueta, solicitando providências em relação às supostas ameaças que teria recebido do ex-secretário de Segurança Pública (SESP), Rogers Jarbas, em um supermercado na semana passada.
Stringueta alega que foi coagido por Jarbas, que consta como um dos investigados na “Grampolândia Pantaneira”, que estava nas mãos de Perri e hoje se encontra no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por conta do pedido do próprio governador Pedro Taques (PSDB) para que fosse investigado no caso.
Por conta disso, o desembargador deve encaminhar a denúncia/reclamação de Stringueta para o ministro do STJ, Mauro Campbell, que está com o inquérito a respeito dos grampos desde outubro do ano passado.
Flávio Stringueta chegou a registrar Boletim de Ocorrência sobre o caso, alegando que teria sido xingado de covarde e mentiroso‘.
‘O comunicante ainda narra que Rogers disse que queria resolver o nosso problema de homem para homem, olho por olho, dando a entender que queria confrontar fisicamente o comunicante‘, diz trecho do BO.
Já o advogado de Rogers Jarbas alega que o seu cliente não fez nenhum tipo de ameaça na “conversa no estacionamento do supermercado”. (Veja a nota no final)
“Rogers em momento algum proferiu qualquer ameaça ao Delegado Stringueta e que, diversamente do noticiado, Stringueta foi quem propôs o confronto físico”, diz a nota assinada pelos advogados Saulo Gahyva e Rafaela Conte.
Stringueta também afirmou que o ex-secretário ainda teria dito que a sua prisão foi fruto de uma armação, articulada pelo desembargador Orlando Perri.
Já a defesa de Rogers dis que “em nenhum momento foi citado o nome do Desembargador Orlando Perri durante a discussão”.
Jarbas também teria registrado Boletim de Ocorrência no mesmo dia do caso.
Nas imagens do circuito de segurança do supermercado, é possível ver que o ex-secretário, assim que paga as compras no caixa, sai em direção de Stringueta, deixando as compras ainda no caixa.
Nas imagens de fora, Rogers se aproxima do desafeto, que estava em uma moto. Após se aproximar muito, Stringueta desce da moto e abres os braços.
Rogers Jarbas continua se aproximando com as mãos para trás.
Stringueta e Jarbas vem se desentendendo desde 2016, após o delegado ter usado a rede social para criticar a gestão do governador Pedro Taques (PSDB). Rogers Jarbas, que na época era secretário de Segurança, rebateu na imprensa as críticas.
Os dois voltariam a se desentender durante as investigações das interceptações telefônicas clandestinas em Mato Grosso. Perri determinou que Stringueta fosse o delegado responsável pelas investigações no ano passado.
Rogers Jarbas chegou a ser afastado da Sesp por decisão do desembaragador, e, semanas depois, preso durante a Operação Esdras, por tentativa de obstrução de justiça e ter arquitetado uma tentativa de gravação do desembargador, para colocá-lo em suspeição no caso.
Rogers Jarbas foi solto por decisão do ministro Campbell, que ao assumir as investigações, trocou as prisões por medidas cautelares dos envolvidos.
Nota na ìntegra
Em relação aos fatos constantes no boletim de ocorrência objeto da reportagem, a defesa do Delegado Rogers Jarbas informa que os fatos ocorreram de maneira totalmente diversa do relatado pelo Delegado Flávio Stringueta.
Que os dois de fato tiveram uma conversa no estacionamento do supermercado Big Lar mas que Rogers em momento algum proferiu qualquer ameaça ao Delegado Stringueta e que, diversamente do noticiado, Stringueta foi quem propôs o “confronto físico”, o que pode ser verificado pela gravação do sistema de vídeo do local, demonstrativa da expressão corporal agressiva do
Senhor Flávio Stringheta.
Informa também que em nenhum momento foi citado o nome do Desembargador Orlando Perri durante a discussão.
Na data das fatos, quase que antevendo o possível desvirtuamento, Rogers Jarbas registrou a ocorrência , reafirmando seu compromisso com a verdade dos fatos.