O juiz Murilo Moura Mesquita, da 11ª Vara Especializada de Justiça Militar de Cuiabá, acatou decisão do desembargador Luís Ferreira da Silva, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), e suspendeu a audiência marcada para hoje (09) no processo penal que apura a participação de 5 militares no escândalo das interceptações telefônicas ilegais.
Luís Ferreira da Silva suspendeu na última sexta-feira (06) o processo até o julgamento do mérito de uma exceção de suspeição. O cancelamento das audiências e de toda instrução processual visa evitar que atos estabelecidos no processo sejam futuramente anulados.
O procedimento de suspeição foi formulado pela defesa do cabo Gerson Corrêa contra os juízes militares e coronéis Valdemir Benedito Barbosa e Luiz Cláudio Monteiro da Silva.
Ambos teriam cometido “excesso de linguagem e antecipação de juízo de mérito” ao se manifestarem sobre o pedido de revogação da prisão preventiva formulado pela defesa.
No processo conhecido como grampolândia pantaneira, são réus os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Alexandre Ferraz Lesco, Ronelson Jorge de Barros, o tenente-coronel Januário Antônio Batista e o cabo Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior.
Os grampos
Reportagem do programa “Fantástico”, da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio de 2017 que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (MDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.
O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados.