O ex-ministro Antonio Palocci prestou depoimento à força-tarefa da Operação Greenfield e declarou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuou “diretamente” em alguns pedidos de propina.
Os pedidos foram relacionados à compra de caças suecos durante o governo Dilma Rousseff. Lula é réu na ação dos caças pelos crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de influência e associação criminosa.
Em 26 de junho passado, Palocci mencionou em um depoimento um suposto acerto que envolveria até autoridades francesas.
Ao juiz Sérgio Moro, em depoimento sobre a Lava Jato, Palocci atribui a Lula um suposto ‘pacto de sangue’ de R$ 300 milhões com a empreiteira Odebrecht.
Nesta ação referente à compra dos caças, Lula, seu filho Luís Cláudio e o casal de lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni respondem pela acusação de participarem de “negociações irregulares que levaram à compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro e à prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627”, durante o governo Dilma.
O juiz federal da 10ª Vara de Brasília, Vallisney de Oliveira, marcou para 20 de novembro os depoimentos do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci e do ex-chefe da Defesa Nelson Jobim.
Ao marcar o interrogatório, o juiz diz que Palocci “prestou depoimento onde mencionou que tinha conhecimento de fatos em investigação neste processo especialmente “atuação direta do ex-presidente Lula, como dos caças….”.
Para o magistrado, ao ser ouvido em setembro de 2017, Jobim não mencionou que tenha havido alguma reunião entre ele, Lula e o ex-presidente da França Nicolas Sarkozi, “não tendo dito nada sobre assinatura de documento ou protocolo referente ao caça Mirage francês no dia seguinte à reunião, cujo documento teria ficado de posse de Nicolas Sarkozi, como afirmara o ex-ministro Palocci ao Ministério Público Federal”.
No entanto, o juiz ponderou que as declarações “sucintas e diretas” de Palocci “precisam ser contrastadas em Juízo com as demais provas”. “Essas declarações de Antonio Palocci estão em manifesta contradição com o depoimento da referida testemunha Nelson Jobim”, observou o magistrado.
Para ele, se Palocci mantiver sua versão, Jobim deve ser “reperguntado” sobre a reunião que teria “durado noite adentro”, “e se de fato o representante da França saiu com uma espécie de contrato ou protocolo de compromisso da compra dos caças franceses Mirage, um dos objetos deste processo criminal, e ainda se houve alguma menção ou negociação de propina nessa reunião”.
O R7 entrou em contato com a defesa de Lula, mas ainda não obteve resposta.