Félix Tshisekedi tomou posse, nesta quinta-feira (24), como o quinto presidente da República Democrática do Congo. Ele venceu as eleições presidenciais no fim de dezembro marcadas por caos, ameaças e urnas incendiadas.
O agora ex-presidente e opositor de Tshisekedi, Joseph Kabila, compareceu ao evento, mas Martin Fayulu, outro opositor, não participou e ainda contesta a vitória do novo chefe de governo.
Tshisekedi, de 55 anos, recebeu os símbolos do poder de Kabila em uma cerimônia no Palácio da Nação, sede da presidência. Esta é a primeira transmissão pacífica de poder desde a independência do país, em 1960.
Por causa do calor, da emoção e também do peso de um colete à prova de balas, Tshisekedi passou mal por mais de 10 minutos, obrigando-o a interromper seu discurso de posse.
Reconhecendo o mal-estar, o presidente recém-empossado se desculpou com Kabila. A emissora estatal RTNC interrompeu a transmissão ao vivo da cerimônia durante este período. “Não estou bem”, havia dito Tshisekedi.
Com a exceção do Quênia, representado por seu presidente, Uhuru Kenyatta, a maioria dos países africanos enviou delegados de escalão inferior: Tanzânia, Gabão, Namíbia, Marrocos, Burundi, Angola, República do Congo (país vizinho) e Egito.
Os Estados Unidos e os países europeus foram representados por embaixadores.
Mudanças no poder
Félix Tshisekedi, líder do principal partido de oposição, foi anunciado como o vencedor das eleições presidenciais na República Democrática do Congo — Foto: Olivia Acland/ Reuters
Amplamente favorável a Kabila (337 cadeiras de 500), a Assembleia Nacional retomará sua atividade na segunda-feira, quase um mês depois das eleições, ocorridas em 30 de dezembro.
Entre esta maioria, Tshisekedi terá que escolher o seu primeiro-ministro. A imprensa local especula os nomes do diretor do gabinete de Kabila, Nehemiah Mwilanya Wilondja, e do empresário bilionário Albert Yuma, próximo ao presidente em fim de mandato.
Os pró-Tshisekedi e os pró-Kabila assinaram um “acordo de coalizão política” e uma “divisão de poder”, segundo um documento ao qual a AFP teve acesso.
O mesmo estabelece que as pastas-chave (Relações Exteriores, Defesa e Interior) devem ser atribuídas ao entorno político do presidente eleito.
Crise eleitoral no país
Imagem de arquivo mostra modelos de urnas usadas na República Democrática do Congo — Foto: Reuters/Robert Carrubba/File Photo
As eleições do ano passado foram adiadas três vezes desde que o líder autoritário Joseph Kabila se apegou ao poder no fim de 2016, quando deveria ter deixado o cargo.
Kabila não se apresentou para estas eleições, nas quais concorreram 21 candidatos, entre eles o sucessor escolhido pelo presidente, o ex-ministro do Interior Emmanuel Ramazani Shaday.
Os Estados Unidos haviam ameaçado com possíveis sanções contra qualquer tentativa de subverter “o processo democrático”.
A República Democrática do Congo é rica em minerais, como diamante, coltan, cobre, ouro e também tem grande potencial agrícola, mas a população congolesa vive em uma situação de grande pobreza.