Depois de dois turbulentos governos consecutivos, o primeiro rouba mas faz e o segundo, rouba mas não faz, de várias prisões, de delações premiadas, dos mais variados escândalos de corrupção envolvendo diversas autoridades e das cenas grotescas, registradas em vídeo, nas quais deputados fazem fila indiana para receber propina, incluindo ai o atual digníssimo prefeito de Cuiabá – conhecido nacionalmente como “Nenel do Paletó”- que misteriosa e inacreditavelmente continua livre, leve e solto, é hora de Mato Grosso se apresentar ao Brasil, mostrando que entendeu a indignação de toda a população manifestada nas urnas nas últimas eleições.
Faz-se necessário, e é de bom grado, que os deputados estaduais, que iniciaram essa nova legislatura sinalizem, de forma contundente, que estão sintonizados com os anseios da sociedade. Depois desta covarde facada nas costas dos servidores, aprovando o “pacotão da maldade” do governador Mauro Mendes, não é aconselhável que os atuais parlamentares estiquem mais a corda e tornem a nos envergonhar.
Houve uma considerável renovação dos quadros do parlamento estadual. Óbvio que os que agora chegaram carregam um peso maior de responsabilidade e como são maioria têm por obrigação dar início a um grande movimento de moralização, não só porque este foi um desejo dos eleitores, mas para mostrar para o Brasil que nosso estado está conectado e compromissado com esse imenso desejo de mudança, que tem como fundamento dar um basta na política do toma lá, dá cá, na política de defender grandes grupos econômicos.
Está em pauta a indicação de um novo conselheiro para o Tribunal de Contas do estado, que pelo critério adotado, será uma indicação da Assembleia Legislativa. O que não quer dizer necessariamente, que deva ser um deputado, principalmente, recém eleito ou reeleito, o que seria uma traição aos seus eleitores.
Faz-se necessário romper com o estigma de que vagas de conselheiro no Tribunal de Contas seja de político cansado ou preguiçoso, que quer ter poder, mas não quer ter que daqui a quatro anos gastar sola de sapato pedindo votos. O Senado Federal, por exemplo, já a algum tempo não indica parlamentares para o Tribunal de Contas da União.
Não se iludam, o Brasil está nos observando. O povo está vigilante pelas redes sociais e os tribunais superiores, principalmente, o Supremo Tribunal Federal (STF), atentamente observarão se Mato Grosso é um estado que pode ser levado a sério. Olha aí a responsabilidade de nossos parlamentares.
O Ministério Público tem por definição constitucional defender os interesses do coletivo. Os seus membros – promotores – atuam no interesse da sociedade, fiscalizando, investigando e denunciando.
Em que pese os abusos de uns e vaidades de outros, tem sido o esteio da sociedade em tempos tão caóticos, quando isento é um bálsamo, portanto, nada mais justo que esta vaga seja ocupada por um distinto membro desta instituição, que hoje goza de alta credibilidade junto à sociedade.
Os Tribunais de Contas, mesmo sendo por definição órgão auxiliar das Assembleias Legislativas, tornaram-se os mais importantes órgãos de controle. No caso do nosso estado, Mato Grosso, a maioria absoluta de seus conselheiros, são altamente qualificados, assim como os conselheiros substitutos concursados e de seu corpo técnico. Não é exagero dizer, que o TCE /MT, já a algum tempo, é referência para os demais tribunais de contas do Brasil afora.
É justo e perfeito, que esta vaga seja ocupada por uma pessoa que já atua defendendo os interesses do povo, que tenha qualificação para tal e tenha idoneidade inquestionável. Marcaremos assim, um gol de placa e daremos o pontapé para o início de tempos mais transparentes e de resgate do prestígio da classe política.
RODRIGO RODRIGUES, empresário, jornalista e graduado em Gestão Pública.