"> Uma grande fazenda high tech – CanalMT

Uma grande fazenda high tech

O que é vanguarda em economia? Quem está pensando as novas tendências para esse mundo, cada vez mais globalizado?

Os chineses certamente estão na frente. Tive a oportunidade de passar um período da minha vida na faculdade de economia da Universidade de Pequim, e conheci os mecanismos da chamada Nova Rota da Seda, que é um grande desenho para a formação de um incrível bloco económico.

Os chineses também enxergaram, faz algum tempo, a ideia que a moeda é um instrumento de conta, de contábil mesmo. Um conceito que o economista André Lara Rezende descreveu num belo artigo recente.

Mas os americanos não estão dormindo não. O MIT e HARVARD desenvolveram um Atlas da Complexidade Econômica que acompanha, através de um BIG DATA, a movimentação de mais de 5 mil produtos em 126 países, e com isso distinguem o grau de dinamismo da economia dos países.

É possível observar detalhes de qualquer país em qualquer ano. Por exemplo: em 1962, quase 49% das exportações brasileiras eram de café. Em 2017, cinco produtos responderam por quase 50% das exportações: ferro, soja, açúcar, petróleo e carnes.

Desenvolvemos no gabinete da deputada Janaina Riva, na Assembleia Legislativa de Mato Groso, o ICSM, Índice de Crescimento Sustentável dos Municípios, que acompanha os indicadores econômicos, sociais e ambientais dos municípios de MT.

O que o Atlas e o ICSM têm, em comum, está resumido no texto abaixo, parafraseando Paulo Gala:

A agricultura pode simplesmente importar as máquinas e os produtos químicos de que necessita, e nesse caso Mato Grosso continuará a ser uma grande fazenda high tech, que emprega pouca gente, basicamente para dirigir o trator, a plantadeira e a colheitadeira.

Além disso, nossa agricultura primário exportadora é muito dependente do mecanismo comercial da Bolsa de Chicago, mas poderia ser mais integrada a Bolsa de Mercadorias e de Futuro de São Paulo. O velho costume de vender através de Chicago é um dogma da economia que merece ser revisto, assim como outros jeitos e trejeitos que o setor produtivo mundial não ainda aprendeu a questionar.

MAURÍCIO MUNHOZ é sociólogo e vencedor do Prêmio Celso Furtado de Economia 2017/18.


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