O Bank of America cobrou que o estado de Mato Grosso pague a parcela de março da dívida dolarizada, valor de US$ 37 milhões. De acordo com o secretário de Fazenda (Sefaz), Rogério Gallo, a imposição traz um custo social enorme. Expectativa era postergar o pagamento até novo empréstimo com melhores condições.
“Infelizmente nós temos que pagar essa parcela de R$ 146 milhões, nós tivemos essa resposta, chegou ontem, e traz um custo social muito grande, que é um dinheiro que vai para se pagar dívida e juros da dívida e infelizmente nós vamos ter que tirar de dinheiro que poderia ser distribuído em saúde, educação e segurança”, disse Gallo nesta terça-feira (26).
O titular da pasta ainda disse que, caso não fosse preciso pagar a parcela deste mês, o estado poderia avançar “um pouquinho mais” no pagamento dos salários dos servidores, aproximando o pagamento integral do dia 10 de cada mês.
O governo chegou a adiar o pagamento, previsto para o dia 11 de março, por conta da negociação de um novo empréstimo de US$ 332 milhões com o Banco Mundial, recurso que será usando para quitar a dívida anterior. Porém, Gallo foi informado da “insensibilidade” da instituição financeira.
“A nossa proposta era colocar essa parcela para setembro e até lá, de acordo e se à Assembleia aprovar o empréstimo, nós já negociaríamos com o Banco Mundial”, diz
Gallo acredita que o não pagamento desta parcela não teria prejuízo ao Bank of America, e que o estado pagará para evitar sanções prejudiciais.
“Será muito pior para o estado se não pagar. Podemos ter o bloqueio do Fundo de Participação do Estado (FPE), aí o estado ficaria um ano sem tomar qualquer empréstimo sem o aval da União, então seria um cenário trágico ao estado”, explicou informando que o depósito deve ocorrer até a próxima terça-feira (2).
Atualmente o estado deve cerca de US$ 360 milhões. A proposta do Banco Mundial é comprar esse débito e estender o prazo de pagamento por 30 anos, estabelecendo parcelar mensais a uma taxa de 1,5% ao ano.
O negócio com o Bank of America foi firmado ainda na gestão do ex-governador Silval Barbosa. Na época, a instituição comprou parte da dívida do estado com a União, o que teria aumentado a capacidade de endividamento de Mato Grosso, possibilitando a execução de obras, em especial as voltadas para a Copa do Mundo de 2014.
A atual gestão, no entanto, afirma que a transação se tornou prejudicial porque não contou com uma espécie de seguro que estabilizaria o valor da moeda estrangeira.
Com isso, o governo assumiu o risco da variação cambial. Agora, com a crise e o dólar beirando os R$ 4, a tendência é que o estado desembolse R$ 30 milhões a mais que o inicialmente previsto.