A eleição de Pedro Taques (PSDB) ao Governo do Estado em 2014 foi realizada pelo empresário Alan Malouf. Foi o que disse durante depoimento na Sétima Vara Criminal de Cuiabá o dono da Construtora Dínamo, Giovani Belatto Guizardi, na manhã de terça-feira (2).
Para isso, segundo o delator da “Operação Rêmora”, Malouf investiu R$ 10 milhões, enquanto o próprio Guizardi entrou com outros R$ 300 mil na campanha do ex-governador. Eram esses valores que eles tentavam reaver por meio dos esquemas ilegais de direcionamento de licitação na Secretaria Estadual de Educação (Seduc), durante a gestão de Permínio Pinto na pasta.
“No ano de 2014, campanha ainda do governador Pedro Taques, eu procurei o senhor Alan Malouf com o intuito. Como eu sabia que ele fazia parte da organização da campanha, era responsável pela parte financeira, procurei o mesmo com a intenção de fazer uma doação para a campanha do senhor governador Pedro Taques. Nesse momento, em conversa, foi falado já o valor que havia sido disponibilizado na pessoa do Alan Malouf, em torno de R$ 10 milhões e nesse momento eu contribuí com R$ 300 mil”, disse.
A Guizardi cabia a divisão do dinheiro público desviado da Seduc e que deveria ir para as obras de reforma e construção de escolas, conforme apuraram policiais e promotores públicos no âmbito da Operação Rêmora. Foi o empresário quem levou Guizardi ao esquema, ao apresentá-lo ao então secretário de Educação. Disse mesmo que a primeira reunião no gabinete de Permínio só aconteceu porque Malouf pediu.
Guizardi também confirmou e reforçou a implicação e envolvimento de outras pessoas, como o hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e então deputado Guilherme Maluf, apontado como o principal braço político da organização criminosa. Ele chegou mesmo a detalhar como era dividido o dinheiro amealhado com os desvios.
“25% seria do seu Permínio, que era o dono da pasta, era o secretário, 25% eu coloquei que era do Guilherme Maluf, era braço político da organização, 25% era do seu Alan, para que fosse efetuado o pagamento que ele havia alocado na campanha do governador Pedro Taques, 5% para o Wander [Luiz dos Reis, servidor da Seduc], 5% Fábio Frigeri [servidor da Seduc], que era o braço direito do Permínio, 5% a taxa de administração, para bancar os custos da operação, 10% ficaria comigo”, contou, literalmente.
OPERAÇÃO RÊMORA
A Operação Rêmora foi deflagrada em 2016 pelo Gaeco com o objetivo de desbaratar um esquema de corrupção implantado nas entranhas da Seduc. Segundo as investigações, os desvios se davam por meio de contratos superfaturados de obras em escolas. Permínio chegou a ser preso preventivamente em julho de 2016, mas foi solto em dezembro do mesmo ano após confessar seus crimes.
A delação dele ainda está sob segredo de Justiça e é de conhecimento apenas das autoridades envolvidas na investigação e ação. Praticamente nada foi revelado por ele em seu último depoimento, no dia 11 de março, na mesma Sétima Vara Criminal, já sob a condição de colaborador premiado.
As investigações apuraram que o esquema foi montado para recuperar recursos investidos na campanha do ex-governador Pedro Taques. Além do ex-secretário, são réus na ação o empresário Giovani Guizardi, que acusou Permínio de ficar com 25% de toda a propina arrecadada com os empresários. Giovani é apontado como operador do esquema.
Outra pessoa com papel destaque é o empresário Alan Malouf. Em seus depoimentos, Permínio acusou Pedro Taques e o ex-deputado federal Nilson Leitão (PSDB) de integrarem o bando. Este último, segundo Permínio, ainda praticava o crime de lavagem de dinheiro.(FolhaMax)