O presidente Jair Bolsonaro viaja para a Argentina nesta quarta-feira para participar da reunião de cúpula do Mercosul na cidade de Santa Fé. A agenda do presidente será rápida e prevê apenas quatro horas em solo argentino, com chegada às 11h30 e partida às 15h30.
O Brasil assume a presidência do bloco por seis meses e pretende implementar medidas para desburocratizar as relações comerciais e políticas.
O presidente assinará nesta quarta-feira o acordo para o fim da cobrança de roaming internacional aos usuários de telefonia celular entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Com isso, serão reduzidos os custos tanto nas chamadas como no uso de dados móveis para os cidadãos do bloco que visitarem os demais países.
“A medida, que já aconteceu em acordo com o Chile e ocorre também entre os membros da União Europeia, vai facilitar a vida de quem viaja a turismo ou a trabalho. Para se ter uma ideia, o Brasil recebe por ano 2 milhões de turistas argentinos, enquanto que o país vizinho acolhe 1,3 milhão de brasileiros”, afirma Pedro Miguel da Costa e Silva, secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas.
Marco histórico
Após o histórico acordo de livre-comércio firmado no fim de junho com a UE (União Europeia), o Mercosul analisa como aproveitar os benefícios do pacto. “O acordo com a União Europeia foi o mais amplo e o primeiro com grandes mercados envolvidos. Isso joga luz no novo momento que o Mercosul está vivendo, que vai refletir nessa cúpula”, afirma Michel Arslanian, diretor de Departamento de Mercosul e Integração Regional.
Ele aponta que um aspecto importante é que tudo está em linha com a agenda de reformas internas no Brasil. “O Mercosul está alinhado com movimento de reformas internas no Brasil”, conclui.
Acordo para compartilhar informação de segurança também está entre os pontos da reunião, como a integração do sistema de informação para controle de fronteiras. Além das medidas para simplicar as relações, modernizar, para que traga resultados concretos.
Mercado comum
O Mercosul (Mercado Comum do Sul), criado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, tem como objetivo o desenvolvimento econômico com democracia. O grupo representa quase 70% do território da América do Sul e cerca de 70% do PIB do continente em 2018 (US$ 2,48 trilhões de um total de US$ US$ 3,6 trilhões, segundo dados do Fundo Monetário Internacional).
Países como Chile e Peru também se vincularam. A Bolívia está em processo de adesão e a Venezuela, suspensa por violação da cláusula democrática.
As trocas dentro do bloco se multiplicaram em nove vezes desde a sua criação, passando de US$ 4,5 bilhões em 1991 para US$ 41,4 bilhões em 2018. O Brasil exportou US$ 20,83 bilhões para o Mercosul e importou US$ 13,37 bilhões, com um superávit de US$ 7,46 bilhões, em 2018. Mais de 84% das exportações do Brasil foram de produtos manufaturados.