Delação premiada do ex-superintendente do BicBanco de Mato Grosso, Luis Carlos Cuzziol, homologada pelo desembargador federal Candido Ribeiro, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), contribui com 20 inquéritos na Polícia Federal e 5 ações penais na Justiça Federal.
A informação consta na decisão que homologou a colaboração e foi um dos argumentos utilizados para provar a importância dos depoimentos de Cuzziol ao Ministério Público Federal (MPF).
Os depoimentos do ex-bancário trazem fatos novos fatos que ainda não são objeto de investigação. Entre os fatos em foco estão episódios praticados desde o ano de 2008, na condição de superintendente de agência do BicBanco na cidade Cuiabá, envolvendo os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e lavagem de dinheiro, diz trecho da decisão de 30 de
abril.
Os inquéritos policiais em andamento na PF de Mato Grosso datam de 2012 até 2018 e novas diligências estão em andamento. Conforme A Gazeta apurou, os depoimentos de Cuzziol continuam sendo realizados no MPF e de outros
envolvidos, o que não descarta que novas diligências possam ser realizadas nos próximos dias, seja através de operações policiais ou de intimação dos citados pelo ex-BicBanco.
Os depoimentos realizados por Cuzziol teriam detalhes que faltavam para as autoridades policiais entenderem como funcionava o esquema de corrupção. Cuzziol foi alvo da 5ª e 6ª fase da Operação Ararath em 2014, e já possui 3 sentenças condenatórias. A delação se encontra em sigilo e foi homologada pelo desembargador federal Cândido Ribeiro. O acordo que
Cuzziol firmou com o MPF envolve a devolução de R$ 500 mil do dinheiro apreendido em operações anteriores. Ele ficará em prisão domiciliar e se livra de ações penais futuras por ter colaborado com as investigações
Último depoimento
Em seu último depoimento à 5º Vara Federal, Cuzziol afirmou que o empresário Wanderley Faccheti Torres, dono da Trimec Construções e Terraplanagem Ltda, teria assumido uma dívida de R$ 70 milhões da organização criminosa investigada na Operação Ararath, com o BicBanco. Na presença do juiz federal Jefferson Schneider, Cuzziol confirmou os empréstimos fraudulentos via outras empresas e instituições financeiras com aval dos governos Blairo Maggi (PP) e Silval Barbosa.
Segundo o delator, no final do governo Silval Barbosa, ainda restava uma dívida de cerca de R$ 70 milhões entre o grupo e o BicBanco. Porém, em uma reunião ficou acertado de que Wanderley Torres e o empresário João Carlos Simioni, da empresa Constil, ficariam com a responsabilidade de quitar esta dívida, fruto dos empréstimos fraudulentos com empresas que tinham contratos com o governo do Estado.
Outro lado
O empresário João Carlos Simioni alega que nunca assumiu nenhuma dívida do governo do Estado e de Silval Barbosa. Segundo o empresário as dívidas que possuía com o BicBanco eram da empresa Todeschini. Ele está mentindo. Nunca assumi dívida nenhuma. Não seria louco de assumir uma dívida dessas, disse.
O empresário Wanderley Torres não foi localizado para comentar o assunto.