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Agente deixa investigação dos grampos em MT

Diego Frederci

O investigador da Polícia Judiciária Civil (PJC), Rinaldo Augusto Siqueira Sales, foi afastado da força tarefa que apura o esquema de interceptações telefônicas ilegais conhecida como “Grampolândia Pantaneira”. O afastamento ocorreu após divulgação na imprensa de que ele é primo em 1º grau do coronel da Polícia Militar e ex-chefe da Casa Militar, Airton Benedito de Siqueira Júnior.

O oficial da PM já sofreu uma denúncia do Ministério Público do Estado (MPE-MT) por prevaricação. Sales é o segundo nome a deixar a força tarefa que investiga a ocorrência de interceptações telefônicas ilegais no Estado.

Apesar das especulações de bastidores, a assessoria de imprensa da Polícia Civil explicou que Sales deixou a função porque já estava com férias acumuladas e marcadas. Diante da situação, a força-tarefa achou melhor substituí-lo por outro analista para que os trabalhos não fossem paralisados.

O primeiro foi o delegado Rafael Scatolon, que teria uma ligação próxima com outros dois delgados da PJC, investigados por fazer parte do esquema de grampos: Gustavo Garcia e Rogers Jarbas. Ambos também são ex-secretários de Segurança Pública (Sesp-MT).

Nas próximas horas, a delegada Ana Cristina Feldner deve ser anunciada como nova titular das investigações ao lado das delegadas Jannira Laranjeira Siqueira Moura e Luciana Batista Canaverde. Feldener foi a responsável por deflagrar a “Operação Esdras”, que levou a prisão vários ex-secretários do ex-governador Pedro Taques (PSDB).

Airton Benedito de Siqueira Júnior está envolvido num nebuloso caso de grampos ocorrido nas eleições municipais de 2016, em Lucas do Rio Verde (354 KM de Cuiabá). O ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, relatou em 2017 que informou ao coronel PM que uma central clandestina de monitoramento de ligações telefônicas estava em operação na cidade e que tinha o objetivo de obter informações da campanha eleitoral do candidato a prefeito Otaviano Pivetta (sem partido), derrotado por Luiz Binotti (PSD) na disputa, teoricamente, o mandante dos grampos.

Um inquérito policial foi instaurado, mas para investigar, na verdade, a acusação de que foi Paulo Taques quem montou uma central clandestina de interceptações telefônicas em Lucas do Rio Verde para monitorar a campanha de Luiz Binotti – o inverso do que ele próprio diz. Antes do ocorrido, porém, Siqueira teria sido informado por Paulo Taques que o responsável pelos grampos seria o major PM Barros – com quem já teria atuado no Gefron.

Na época, o ex-chefe da Casa Militar optou por “conversar” com o major PM antes de determinar providências oficiais sobre o caso. Os fatos são investigados na operação “Esdras”. Os grampos ilegais tornaram-se públicos após a veiculação de duas reportagens do Fantástico. Jornalistas, médicos, advogados, políticos e até uma ex-amante do ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques (primo do ex-governador Pedro Taques) sofreram interceptações telefônicas clandestinas que teriam sido feitas por policiais militares.

O caso é conhecido como “barriga de aluguel”, onde pessoas que não são investigadas ou denunciadas sofrem os grampos, por interesses pessoais, ao lado dos verdadeiros suspeitos de investigações policiais. Além de Zaqueu Barbosa – preso 9 dias após a veiculação da reportagem no Fantástico, que foi ao ar em 14 de maio de 2017 -, o cabo PM Gerson Luiz Ferreira, acusado de ser o operador da central clandestina, também teve mandado de prisão cumprido. Ambos já se encontram em liberdade. ( FolhaMax )


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