O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) nega que está com a “faca nos dentes” contra o governador Mauro Mendes (DEM) para cobrar os R$ 60 milhões que, segundo ele, o Estado deve a Cuiabá. Contudo, aumentou o tom da cobrança e lembrou que a notificação para pagamento do valor vence nesta quinta-feira (5).
As observações foram feitas durante uma entrevista antes da cerimônia com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em apoio à implantação de escolas militares, no Centro de Eventos do Pantanal, na tarde desta quinta-feira (05).
Emanuel ainda comparou sua relação com Mauro e seu antecessor no principal cargo do Palácio Paiaguas, Pedro Taques (PSDB). Segundo ele, diferentemente do ex-governador, o atual não só se recusa a dialogar como também a pagar pequenas parcelas de R$ 2 milhões e R$ 7 milhões, como era feito até o ano passado.
“Esse recurso pertence à população cuiabana e eu não abro mão. Cuiabá carrega nas costas a saúde pública do Estado. Não tem problema, somos pelo princípio do SUS e não nos importamos de podermos liderar o processo de humanização da saúde pública em Mato Grosso e Cuiabá é a capital. Mas tudo tem limite”, disparou.
Além disso, havia repasses constantes na era Taques, ainda que atrasados, mantendo uma ponte sólida que impedia a saúde pública do estado de sobrecarregar de vez o Sistema Único de Saúde (SUS) da capital, como ocorre hoje. Ele observou que, nos dias atuais, “a balança tem pesado contra o município”, que vem sucessivamente inaugurando novos hospitais, Unidades de Pronto Atendimento e demais unidades de saúde, enquanto o Estado praticamente não se mexe.
“São R$ 60 milhões que o Estado deve à capital e isso precisa ser pago. Pode ser em 20 vezes de R$ 3 milhões, além de repasses regulares, mas Cuiabá precisa de uma proposta. Então, fui obrigado a notificar o Estado. Vamos esperar porque o povo merece uma resposta”, continuou metralhando.
Sobre as constantes “troca de farpas” entre ele e o governador, o prefeito disse que a falta de diálogo é o principal entrave, mas há uma necessidade de convivência mais harmoniosa entre os dois, principalmente porque Mauro já ocupou o cargo que hoje lhe pertence. Para Emanuel, se não dá para serem amigos, que convivam republicanamente.
“Eu ainda tenho esperança, porque o que está em jogo é Cuiabá. Agora essa vontade precisa ser bilateral e eu espero que seja”, disse, depois de dizer que já tentou de tudo, já procurou, mandou marcar audiência, conversou, falou pela imprensa, mas não há espaço.
“O governador sabe a responsabilidade que é ser um prefeito da capital, por isso tenho certeza que vamos chegar num denominador comum por Cuiabá. Nem quero pensar [no processo eleitoral do ano que vem], porque nem sei se sou candidato”, disse, mal disfarçando um leve sorriso maroto de canto de boca.