Considerado um dos políticos mais poderosos da história recente de Mato Grosso, o ex-deputado estadual José Riva (sem partido) preferiu se manter em silêncio no depoimento prestado à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara Municipal de Cuiabá que investiga o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) pela suspeita recebimento de propina enquanto exerceu o mandato de deputado estadual.
Em depoimento na manhã desta quarta-feira (3), Riva alegou aos vereadores que optaria pelo silêncio, uma vez que, firmou termo de colaboração premiada com o Ministério Público Estadual (MPE) com o intuito de colaborar com o Judiciário a desvendar esquemas de corrupção da política mato-grossense.
“Se, eventualmente, surgir uma nova data – eu sei que vocês têm tempo – eu me coloco a disposição para em outro momento esclarecer esse assunto”, declarou Riva.
O ex-deputado, que durante 20 anos alternou nos cargos de presidente e primeiro secretário da Assembleia Legislativa, revelou que manteve conversas com seus advogados e membros do Ministério Público antes do depoimento à Câmara Municipal de Cuiabá. E foi orientado por todos a permanecer em silêncio em razão de sua colaboração premiada.
“Eu terei prazer em colaborar, mas não tenho outra opção senão o silêncio”, reforçou Riva.
Nas investigações conduzidas pela Câmara Municipal de Cuiabá, pesa a suspeita de que o prefeito Emanuel Pinheiro recebia R$ 50 mil mensal para manter apoio ao ex-governador Silval Barbosa. Em vídeo entregue pelo ex-governador na delação premiada firmada com a Justiça, Emanuel Pinheiro aparece embolsando maços de dinheiro entregue pelo ex-chefe de gabinete Silvio César Côrrea de Araújo.
No acordo firmado com a Justiça, Riva se comprometeu em devolver R$ 92 milhões em seu acordo de colaboração, sendo que R$ 15 milhões já foram pagos em março. Em sua delação o ex-deputado detalhou que, durante os 20 anos que atuou como deputado (1995-2014), houve pagamentos de propina para 38 deputados com o objetivo de apoiarem o governo do Estado.