Armin Laschet deveria ser o próximo primeiro-ministro da Alemanha, substituindo sua colega de partido, Angela Merkel, após as eleições do dia 26. Tudo parecia indicar que isso aconteceria, até que a campanha eleitoral efetivamente começou.
A União Democrata Cristã (CDU) liderava as pesquisas, e parecia que seria uma tarefa relativamente fácil manter o governo após 16 anos e quatro mandatos de uma líder respeitada e com bons índices de aprovação. Além disso, nos últimos 72 anos, a CDU esteve no poder durante 52.
Mas a queda – de mais de 10 pontos – foi rápida, e hoje o favorito é Olaf Scholz, do Partido Social Democrata.
Laschet enfrentou acusações de ter cometido plágio em um livro escrito em 2009 (e respondeu dizendo que a publicação “claramente contém erros sobre as quais sou responsável”), precisou encarar o fato de que o estado que governa, a Renânia do Norte-Vestfália, concentra um dos maiores índices de casos de Covid-19 do país, e também é considerado vago na hora de apresentar suas propostas.
Mas nada foi pior para sua imagem do que um momento captado em 17 de julho por câmeras e amplamente divulgado. Ao visitar uma região de seu estado duramente castigada por enchentes, Laschet foi flagrado rindo de uma piada no exato momento em que o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier fazia um discurso solene em solidariedade às vítimas.
“Foi estúpido e não deveria ter acontecido e eu me arrependo”, disse o democrata cristão à emissora ZDF dias depois. “Sinto muito, não posso dizer muito mais”.
Para piorar, seu principal rival, Scholz, também estava no local naquele dia. E permaneceu sério, falando sobre a liberação de verbas para medidas imediatas de reconstrução, uma vez que é o atual ministro da Economia.
O desempenho de Laschet ao lidar com as enchentes, a maior tragédia natural na Alemanha em 59 anos, aliás, é apontado como um dos grandes motivos para seu mau desempenho entre o eleitorado de seu estado.
Política
Armin Laschet tem 60 anos e em janeiro foi eleito líder da CDU, ocupando o posto deixado por Merkel. Ele é ministro-presidente do estado da Renânia do Norte-Vestfália, o mais populoso da Alemanha, desde junho de 2017.
Antes de iniciar sua carreira política, estudou Direito e trabalhou como jornalista. É membro do Bundestag, o Parlamento Alemão, desde 1994, e em 1999 se tornou integrante do Parlamento Europeu.
Líder de um partido de centro-direita, Laschet prometeu que, caso seja eleito, a Alemanha se tornará uma “nação industrial neutra para o clima” em 2045, mas seu discurso ambiental não é considerado dos mais arrojados, e ele já afirmou que as medidas do setor não podem sufocar a economia do país.
Após a queda nas pesquisas, ele ampliou as menções ao tema, e prometeu inovações, inclusive com a criação de mais empregos ligados à geração de energias limpas.
Laschet chamou inclusive a abordagem de seu partido sobre o clima de “mais promissora do que as proibições (propostas) pelo Partido Social-Democrata e pelos Verdes”, às quais acusou de ameaçar cortar empregos e causar agitação social.
Fonte: Por Fabiana de Carvalho, g1